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‘O UFC prioriza muito o dinheiro atualmente’, diz Aldo

Após uma possível aposentadoria, o lutador de MMA e integrante do UFC, o amazonense José Aldo, conversou com PÓDIO e contou um pouco as dificuldades superadas quando chegou ao Rio de Janeiro e o que pretende fazer após largar os octógonos. Ele falou, também, da alegria com o jogo beneficente que realizou no sábado na Arena da Amazônia, contra o amigo e também lutador Ronys Torres.

PÓDIO – Qual sua maior intenção em vir jogar futebol com os amigos e atletas renomados em sua cidade?

José Aldo – Foi levar um momento de alegria às pessoas de Manaus, mas a maior intenção não somente minha, mas como dos demais que fizeram parte da festa, é poder ajudar os necessitados no município de Manaus. Fico feliz sempre quando o povo amazonense abraça nossa causa, assim podendo ajudar as pessoas necessitadas com os alimentos das doações. Não importa quem joga, o povo de Manaus colabora para o crescimento desses eventos, isso também nos deixa contentes.

PÓDIO – Você sonhou em ser jogador de futebol?

JA – Quando eu era garoto, sonhei em ser um grande jogador, assim como quase toda criança sonha. Meu pai me matriculou na escolinha do Rio Negro, fui treinado pelo professor Zezinho, na Praça 14. Mas eu comecei a ver que as coisas não iriam fluir no futebol. Não deu certo, é muito difícil sair de Manaus e se tornar um grande jogador profissional. Temos um exemplo raro que foi o atacante França, mas nem amazonense era. Nunca vi outro sair de Manaus e vingar nos gramados. Mas, graças a Deus eu segui o caminho que deveria seguir, em que eu sou muito feliz hoje.

PÓDIO – Como se sente podendo jogar em uma arena palco de Copa do Mundo?

JA – É uma felicidade muito grande entrar no gramado e brincar de futebol, principalmente para quem sonhou jogar futebol profissionalmente. Atuar diante de ídolos do futebol brasileiro também é muito legal.

PÓDIO – Você é contra a proibição de confrontos pela Série A em arenas padrão Fifa?

JA – Sou contra, o Brasil atinge a todos, os clubes têm que vir jogar na Arena da Amazônia, eu apoio o recurso contra essa proibição. Manaus, Natal e Brasília precisam de grandes e empolgantes jogos, pois essas arenas são patrimônio de todos nós.

PÓDIO – Após largar a carreira de lutador, o que pretende fazer para seguir a vida, pensa em formar sua própria equipe de MMA e ser treinador?

JA – Quando eu parar de lutar, acredito que vou sair do meio da luta. São 15 anos envolvido. No futuro, vou querer aproveitar mais a vida do que qualquer outra coisa. Foram muitos dias e viagens longe da família; mulher e filho sentem saudade e sofrem com minha ausência dentro de casa.

PÓDIO – Após a fama, o esporte concedeu oportunidades de você conhecer pessoalmente personalidades que não conhecia e admirava?

JA – A luta me trouxe esse lado bom. O atacante Bebeto é um cara muito admirado por mim, quando eu era criança o vi jogar e conquistar o tetra na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Hoje somos amigos e não somente conhecidos, frequento a casa dele e ele frequenta a minha. Graças também ao Zico eu virei flamenguista, somos amigos e temos contato frequentemente.

PÓDIO – Durante os momentos de dificuldade, de onde vinham as energias positivas?

JA – Sempre acreditei muito em mim. Cada dificuldade que aparece, Deus sabe que você tem condição de passar. Tentei ver como motivação. Lembro-me que quando fui para o Rio de Janeiro com o meu primo, que também lutava, ficamos morando em uma academia, ele voltou porque dizia que não era aquilo que queria para vida dele, mas eu continuei, chorava todos os dias, mas aquilo me dava força e eu cresci com as dores.

PÓDIO – Em que momento você sentiu que as coisas estavam dando certo para você?

JA – Quando fui campeão brasileiro de jiu-jitsu no Rio de Janeiro, eu comecei a sentir que as coisas estavam começando a dar certo. Eu ainda era desconhecido, mas a partir dali foi um divisor de águas ao meu a favor. Os momentos de alegria começaram ali.

PÓDIO – Sente saudades de Manaus?

JA – Muitas saudades dos amigos, familiares, da cidade e sua culinária. Deixei amigos aqui, duas irmãs e minha mãe, mas graças a Deus eu consegui crescer e dar um conforto aos meus pais e minhas irmãs. Olho para trás e o crescimento do conforto deles me deixa muito feliz.

PÓDIO – Vai continuar no MMA e UFC?

JA – Foi uma negociação que tentamos fazer e levar vantagem, mas a aposentadoria não deu muito certo. Tenho luta marcada para o mês de junho e estou mantendo foco nesse próximo embate.

PÓDIO – Após alguns lutadores sentirem-se magoados por atravessarem um bom momento na carreira e não serem escolhidos pelo UFC para lutar pelo cinturão, você acredita que o UFC deixa de ser um esporte para ser um entretenimento?

JA – Entretenimento sempre foi, o esporte andou sempre lado a lado com o espetáculo. Mas eu acho que as filosofias atuais das lutas pelo UFC não possuem meu aval. É uma covardia muito grande o que estão fazendo o Jacaré, pois ele vem passando por um bom momento e tem condições de vencer o Bisping e garantir o cinturão do peso-médio. Fico muito triste com isso, pois o Jacaré não merece esse tratamento, tenho certeza que se ele lutar pelo cinturão vai ganhar. Infelizmente, o UFC prioriza muito dinheiro nos dias de hoje.

PÓDIO – E você guarda mágoa do Conor McGregor por ele ter tirado sua invencibilidade e também devido ao irônico estilo dele provocar os adversários minutos antes da luta começar?

JA – A maioria dos atletas que eu desafiei sempre me respeitou. A rivalidade fica dentro do octógono, depois os lutadores se abraçam. O McGregor mora na Irlanda, depois da luta contra ele não nos falamos mais, ele voltou para a Europa e não nos vimos mais. Sou profissional e eu respeito o modelo de trabalho dele, faz parte da luta, cada um vem com uma criação diferente. Não vejo como desrespeito, faz parte do jogo.

PÓDIO – A quem você mais deve o seu sucesso?

JA – Se eu sou quem sou, é por causa do meu pai, José Aldo, que sempre me apoiou bastante e respeitou meus sonhos na luta. É um cara que me ajudou bastante e fez eu ser além de atleta, ser o ser humano que sou. Possuo milhões de pessoas que me ajudaram muito, mas meu pai é o primeiroa ser lembrado.

PÓDIO – Qual recado você deixa aos amazonense que sonham em ser igual a você?

JA – Primeiramente, acreditar nos seus sonhos e em suas próprias capacidades. Eu vim do bairro Alvorada, não era de classe média, poderia ser muito difícil, mas sempre eu mantive a cabeça boa e erguida. Acreditar faz Deus colocar pessoas boas na sua frente, que podem ajudar no crescimento no esporte. Basta você querer, que você chega lá e consegue realizar seus sonhos no esporte.

João Paulo Oliveira
EM TEMPO

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