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Operação Hígia desarticula esquema para desvio de medicamentos da rede pública de saúde

Três pessoas foram presas pela Polícia Civil (PC) na manhã desta quinta-feira, 16, acusadas de desviar medicamentos e materiais de enfermagem da Policlínica Codajás (PAM Codajás), Hospital e Pronto Socorro João Lúcio, 28 de Agosto e até do Hospital de Iranduba. Entre eles, dois servidores da Secretaria de Estado de Saúde (Susam) estavam envolvidos, Antônio Rodrigo Vieira, 56, apontado como líder da quadrilha era funcionário público contratado da secretaria há 14 anos e ostentava uma vida de luxo, mesmo com um salário de R$ 1.600. Um dos acusados está foragido, segundo a PC.

A operação batizada de Hígia, a deusa grega da saúde, cumpriu, nesta manhã, nove mandados de busca e apreensão, três mandados de prisão preventiva e cinco mandados de condução coercitiva, no bairro São Francisco, Praça 14 de janeiro, Centro, Colônia Terra Nova, Cachoeirinha e Cidade Nova. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em três empresas que faziam a receptação do material. Um instituto de radiologia, no Centro de Manaus, um consultório odontológico e um laboratório de análises clínicas comercializavam os produtos desviados, segundo a polícia.

Além de Antônio, foram presos na operação: o servidor público contratado da Susam, Sidney Barbosa Silva, locado no Instituto da Mulher e Sílvio César de Araújo funcionário terceirizado que atuava no Serviço de Pronto Atendimento (SPA) da zona sul.

A Polícia Civil não apresentou os suspeitos, informando apenas que fotos dos envolvidos seriam divulgadas pelo órgão posteriormente. A identidade do foragido, dos ouvidos coercitivamente – entre eles um médico, farmacêutico, dentista e empresários – assim como o nome das empresas envolvidas não foram divulgados pela pelo Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), que presidiu a investigação. No entanto, é de costume da PC trazer os acusados e apresentá-los à imprensa.

“Não é pelo cargo, por serem médicos, isso nada tem a ver. É pelo interesse da investigação. Como vai ter desdobramento não vamos mostrar. Os conduzidos coercitivamente só foram temporariamente retidos na delegacia para prestar esclarecimentos, não são de fato acusados. O nome das empresas não foi divulgado para não prejudicar a investigação.”, justificou o diretor-adjunto da DRCO, Denis Pinho.

Pinho informou ainda, que o servidor terceirizado, Sílvio César de Araújo era prestador de serviços da empresa responsável pelo estoque de medicamentos do Estado, a Central de Medicamentos (Cema).

“A gente não vai divulgar (o nome da empresa). É uma empresa que presta serviços para o governo dentro da Cema (Central de Medicamentos), que organiza o estoque do Estado de medicamentos, é a única empresa que faz isso para o Estado”, disse o delegado.

No Portal de Transparência consta apenas a empresa RV Consult Transportes e Logística, como responsável por armazenar e realizar o transporte logístico dos medicamentos na Cema. O DIÁRIO tentou contato com a empresa pelo telefone 92 3663 9337, mas o não obteve sucesso.

As investigações foram iniciadas em dezembro do ano passado, a partir de uma denúncia anônima enviada ao Ministério Público do Estado (MP-AM).

Conforme o diretor-adjunto da DRCO, Denis Pinho, a PC ainda não conseguiu calcular o prejuízo do montante de medicamentos desviados das unidades de saúde, mas segundo ele, a prática por parte dos servidores do Estado ocorria há vários anos. A quantidade de materiais e medicamentos apreendidos, nesta quinta-feira,16, ainda não foi mensurada pelo órgão.

 

Ostentação

Durante o inquérito policial da operação Higia, chamou a atenção do Ministério Público do Estado (MP-AM) o alto padrão de vida de Antônio Rodrigo Vieira, 56, que embora ganhasse R$ 1.600 líquidos, o líder da quadrilha ostentava viagens, pagava a faculdade de odontologia para dois filhos em uma faculdade particular da capital e possuía um carro de modelo Corolla.

A procuradora de Justiça do MP-AM, Karla Fregapani, Leite informou que a primeira comprovação de que havia indícios desse desvio de medicamentos ocorreu a partir do estilo de vida de Antônio, considerado incompatível com salário recebido pelo servidor. Ainda segundo a procuradora, algumas pessoas ouvidas nos depoimentos possuem ligação com a Operação Maus Caminhos.

“O prejuízo é inestimável. São medicamentos e coisas simples como luvas e coisas caras que a população não consegue ser atendida. Não tenho como afirmar, mas me parece que algumas pessoas que foram mencionadas no momento, têm uma ligação com a operação maus caminhos”, disse.

Antônio que foi apontado como líder da organização criminosa, era funcionário público contratado da secretaria há 14 anos. Conforme o diretor-adjunto da DRCO, Denis Pinho, a polícia ainda não conseguiu calcular o prejuízo do montante de medicamentos desviados das unidades de saúde, mas segundo ele, a prática por parte dos servidores do Estado ocorria há vários anos.

“O que nos causou estranheza é que o Antônio levava um padrão de vida fora da realidade. Se você consultasse o Portal da Transparência via que o salário dele era de R$ 1.600 líquidos. E ele tinha dois filhos cursando faculdades de odontologia com a mensalidade de R$ 1.400 cada, andava em carros de luxo, um Corolla. Então ele levava um padrão de vida elevado”, disse Denis.

A chefe do almoxarifado de uma das unidades de saúde, conduzidas coercitivamente à delegacia, indicou que Antônio era o responsável por organizar a quadrilha, segundo Pinho.

O diretor-adjunto informou que eram desviados materiais hospitalares, como luvas, aventais cirúrgicos, filmes de Raio-X e medicamentos, que eram revendidos para empresários da capital.

“Eram desvios consideravelmente grandes porque cada medicamento custava em torno de R$ 4 mil e 5 mil, só um medicamento. Tem medicamento de tratamento especializados que chega a custar R$ 16mil”, disse.

Os servidores serão indiciados por peculato, furto e organização criminosa. Já os empresários serão indiciados por receptação.

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