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Demissões na Eletrobras podem chegar a 700 no Amazonas

Editado por Bruna Souza

Urbanitários do Amazonas já realizaram paralisações para chamar atenção à privatização|Divulgação

Trabalhadores da Eletrobras Distribuição Amazonas serão demitidos em breve e o número de desligamentos assusta. São mais de 700 profissionais que deixam o mercado de trabalho, alguns com anos de atividade. A categoria procurou os deputados na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) para pedir auxílio e impedir que a concessionária mande embora os funcionários no Estado. O deputado estadual Sinésio Campos, na manhã desta terça-feira (4), utilizou a tribuna da Casa para fazer um pronunciamento contra a demissão em massa.

Os eletricitários das empresas Eletrobras e Eletronorte, que fornece energia elétrica aos nove estados da Amazônia Legal, solicitaram do parlamentar providências no sentido de ajudar a categoria a evitar a demissão dos profissionais. As demissões devem ocorrer por conta das políticas de reestruturação e privatização das empresas do Sistema Eletrobras.

“A substituição por mão de obra terceirizada e isso só irá trazer prejuízos”

A Eletrobras apresentou um documento que pauta uma resolução que determina que no prazo de trinta dias, todas as diretorias que tenham empregados admitidos irregularmente a partir de 24/ 03/ 1993, apresentem à Diretoria Executiva, propostas de cronograma de desligamento dos empregados. Entretanto, as demissões não devem afetar os serviços prestados à sociedade. A medida atende às recomendações do Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM).

Para Campos, a decisão tomada não está sendo posta de forma clara, já que se trata de apenas uma recomendação do MP.

“O que mais nos causa estranheza é que não há esclarecimento na decisão tomada, o Ministério Público apenas recomendou não determinou nada. Também temos que saber quando porque eles fizeram essa recomendação exatamente no momento em que se está trabalhando um processo de privatização e licitatório da empresa. Ou seja, são muitas perguntas que não estão sendo respondidas, e quem sofrerá as penalizações serão as famílias nos aspectos sociais e econômicos, já que os trabalhadores serão demitidos de forma súbita”, explicou e indagou o parlamentar.

Alguns profissionais trabalham há anos na Eletrobras e vão ficar desempregados | Divulgação

De acordo com o representante do Sindicato dos Urbanitários do Amazonas, Robson de Bastos, as demissões irão impactar na prestação de serviços para a população amazonense, uma vez que a maioria dos trabalhadores está lotada em áreas operacionais das usinas instaladas nos municípios do Estado.

“Estão anunciando a demissão dos empregados com o intuito de fazer substituição por mão de obra terceirizada e isso só irá trazer prejuízos. Estamos locados em áreas de extrema importância, além de ser um descaso enorme com pessoas que dedicaram a maior parte de sua vida prestando serviços, que contribuíram para o desenvolvimento do Estado. Agora como retribuição recebem uma notícia que irão ficar desempregados, não temos como permanecer calados diante desse fato”, relatou Bastos.

O deputado marcou uma conversa com no Ministério Público nesta terça-feira (4), às 16h. Na ocasião, o parlamentar vai apresentar o requerimento que foi deferido na Aleam para evitar o processo de desligamento.

“Estamos em um quadro trágico de desemprego. Vamos fazer o que tiver ao nosso alcance para que essa situação seja revista”

Eletrobras

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Eletrobras Distribuição Amazonas sobre as possíveis demissões e a concessionária enviou a seguinte nota:

“Em observância às recomendações da 55ª Promotoria de Justiça Especializada na Proteção e Defesa dos Direitos Constitucionais do Cidadão do Ministério Público do Estado do Amazonas, nos autos do inquérito civil nº 464/2012, que apurou celebração de contratos de trabalho sem prévia aprovação em concurso público, a Amazonas Distribuidora de Energia S/A realiza estudos no sentido de atender a legislação aplicável à Administração Pública Indireta, sem afetar a prestação dos serviços essenciais à população amazonense.

A Eletrobras passa por uma nova fase, em busca de maior eficiência operacional e redução de custos, concentrando seus investimentos nas áreas de geração e transmissão, nas quais detêm maior expertise. Nesse contexto, em 22 de julho de 2016, em Assembleia Geral Extraordinária dos acionistas da Eletrobras, foi deliberada a não prorrogação das concessões de suas distribuidoras, localizadas respectivamente nos estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Piauí, Rondônia e Roraima. O Plano Diretor de Negócios da Eletrobras (PDNG 2017-2021) prevê a iniciativa da desmobilização dos ativos de distribuição de energia até o final de 2017.

A Eletrobras, o BNDES e o MME estão trabalhando na modelagem de todo os processos e, a partir da conclusão dessa fase, a Empresa realizará a divulgação das informações por meio de seus canais corporativos”.

Criação de fórum

A Assembleia Legislativa, por meio da Comissão de Geodiversidade, Recursos, Hídricos, Minas, Gás e Energia, instalou o Fórum do Setor Elétrico, na última quarta- feira (28). O Fórum é constituído por entidades públicas e civis com caráter consultivo e tem o objetivo de articular, centralizar e potencializar ações necessárias para gerar uma proposta de solução alternativa ao setor elétrico do Estado.

Prefeitura de Manaus (PMM), o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socieconômicos (Dieese), o Procon Amazonas, o Ministério Público do Estado do Amazonas ( MPE/AM) e Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), são alguns dos órgãos que compõem o Fórum.

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