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Alfredo Nascimento é chamado para depor em inquérito da Lava Jato

O deputado federal Alfredo Nascimento (PR) foi convocado para ser ouvido no inquérito instaurado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga o pagamento ‘recursos não contabilizados’  pela Construtora Odebrecht para a campanha eleitoral dele ao Senado, em 2006. A informação consta  no Ofício nº 1.681/2017 (Petição/STF nº 68.711/2017), publicado no último dia 15 de março, no sistema do tribunal, que pede ainda a prorrogação, por 60 dias, do prazo de permanência dos autos na esfera policial, visando a tomada de declarações.

A convocação foi feita pelo delegado da Polícia Federal (PF) Bernardo Guidali Amaral, que atua na operação Lava Jato, criada para apurar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais em pagamentos de propinas a servidores públicos e a parlamentares.

O delegado Guidali Amaral requereu o depoimento de Alfredo, por meio do Ministério Público Federal (MPF). Para isso, ele pediu a prorrogação do prazo de encerramento do inquérito ao ministro relator do processo no STF, Marco Aurélio, “por achar importante as tomadas de declarações, bem como a realização de outras diligências que se mostrarem importantes para à elucidação dos fatos”.

Além de Alfredo, Guidali  também  quer ouvir, no processo, o deputado federal Milton Monti (PR-SP), o ex-deputado Inocêncio de Oliveira (PR-PB), Luiz Leite, ex-diretor da CPTM Ademir Venâncio, André Bezerra de Melo Coutinho e Luiz Ronaldo Cherulli.

Delação premiada

Em abril do ano passado, durante delação premiada, o ex- executivo da Odebrecht, João Antônio Pacífico Ferreira afirmou que a empresa pagou R$ 200 mil, via caixa dois, para a campanha ao Senado do então ministro dos transportes, Alfredo Nascimento.

Na ocasião, o ex- executivo chegou a relatar que o pedido de ‘ajuda’ para a campanha teria sido feito durante uma reunião com empresários e um ex-diretor da Odebrecht, José Carvalho Filho. Segundo Pacífico, a doação feita a Alfredo ocorreu nas eleições de 2006.

O delator afirmou, em depoimento, que dez empresas participaram da reunião, quando foi pedida a ‘ajuda financeira’, e que todas elas atuavam junto ao Ministério dos Transportes, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Pacífico apontou, ainda, que foi orientado por José Carvalho Filho, a fazer o pagamento para a campanha de Alfredo.

A reportagem entrou em contato com a assessoria do deputado, mas até a publicação desta matéria não teve resposta.

Acusação

Em delação premiada, divulgada pela PF em março de 2016, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) acusou Alfredo Nascimento de ser um dos mentores de um esquema de arrecadação de propina enquanto esteve à frente da pasta.

O ex-líder do governo no Senado disse que, graças à sua posição privilegiada, Alfredo Nascimento mantinha a bancada do PR unida e “articulava vários investimentos espúrios com governadores de Estado de vários partidos”.

Alfredo Nascimento deixou o governo Dilma Rousseff em julho de 2011, quando veio à tona uma série de escândalos que culminaram na “faxina” dos Transportes.

Segundo Delcídio, havia um “jogo combinado” entre o então ministro dos Transportes, o ex-governador do Mato Grosso do Sul André Puccinelli e o ex-secretário estadual Edson Giroto (PR-MS), “a fim de promover uma descentralização de todos os investimentos federais no Estado, de forma a facilitar a arrecadação de propinas”.

Operação bilionária

O ex-diretor do setor de operações estruturadas da Odebrecht Hilberto Mascarenhas disse, em depoimento à PF, que a área criada dentro da empreiteira para fazer o pagamento de propinas movimentou mais de R$ 10,6 bilhões entre os anos de 2006 e 2014. Ao Ministério Público Federal, Mascarenhas informou que os recursos eram movimentados em contas offshores no exterior (em paraísos fiscais).

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O ex-executivo disse que alertou ao então presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, sobre os valores pagos em propina, que, segundo ele, estavam muito altos.

Em depoimento aos investigadores da Operação Lava Jato (veja no vídeo acima), ele contou que chegou a alertar o presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, para o volume do dinheiro, que alcançou, tanto em 2012 quanto em 2013, US$ 730 milhões (R$ 2,2 bilhões, na cotação atual).

No depoimento, o procurador questiona o motivo da queda, no ano seguinte, para US$ 450 milhões e Hilberto diz que a movimentação trazia risco de “suicídio” para a empresa.

Inquérito no STF

Com informações do Amazonas1

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